segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A fadinha Dondoca

Lá no alto da verdejante colina tem uma floresta encantada construída com fios de luar. Tudo por lá é mágico. Os duendes e as fadas conviviam harmoniosamente cada um realizando o trabalho de protetor das florestas naturais. Cuidavam das árvores para que elas se mantivessem sempre verdinhas e exuberantes. Os rios de águas azuis e cristalinas abrigavam imensos cardumes que ornavam aquelas águas para a morada das sereias que viviam a entoar lindas melodias para alegrar o dia dos viventes daquele belo espaço. As borboletas voavam de cá para lá polinizando as flores para adornar as margens daqueles regatos que serviam de palco para o encontro dos enamorados que vinham nos finais de tarde trocar juras e carícias de amor. Todas as tarefas eram cumpridas num ritual de alegria e serenidade. Mas... um dia chegou na floresta encantada a fadinha Dondoca. Muito inteligente e perspicaz a mocinha percebeu que naquele lugar reinava a paz e não seria nada fácil colocar em prática o seu plano mirabolante. Cansada de ser escrava em outro reino onde uma bruxa malvada comandava a todos com mãos de ferro. Dondoca distribuiu muitos sorrisos. Seu plano era fazer uma aliança com os moradores e se tornar a rainha do lugar. Os duendes ficaram encantados com a beleza da fada e satisfaziam seus mínimos caprichos. Certa manhã as gotas coloridas da chuva encharcavam os canteiros o que deixava o serviço mais difícil e pesado. Eram necessárias muitas mãos para realizar um único trabalho e eles se organizavam em grupos porque sabiam que unidos eram mais fortes. Mas e Dondoca? Cadê? Ela deveria estar ajudando as fadas a retirar as inúmeras folhas que caíam com a força da chuva e deixavam feios com aquele arzinho de desleixo os encantadores jardins. Uma das fadas saiu irritada à procura de Dondoca. E sabem onde ela estava? Tirando uma soneca dentro de uma xícara. Pronto! O rebuliço foi formado. Enquanto os guardiães trabalhavam a fadinha folgada descansava curtindo o sono da beleza. Um aglomerado furioso de fadas e duendes adentraram na cozinha do diminuto chalé. Quando Dondoca os viu, fechou a cara e com pose de rainha perguntou:
_ Que ousadia é essa? Como se atrevem a invadir o meu chalé?
Estupefatos olhavam abismados a cena que se descortinava diante de seus olhos. Dondoca estava deitada em uma rede tecida com fios de estrelas e um grupo de fadas abobadas trabalhavam para ela. Uma penteava seus longos cabelos, outras faziam massagem em seu delicado corpinho e alguns duendes que mais pareciam eunucos abanavam a presunçosa fada com um leque feitos com penas alvíssimas do pavão imperial. Num ímpeto de cólera a fada Estelita, a mais experiente, apanhou uma vassoura de piaçava e partiu para cima da fada Dondoca a desferir-lhes violentos golpes. Dondoca corria, gritava, praguejava mas nenhum dos adjetivos maledicentes foram suficientes para que Estelita voltasse à razão e deixasse de golpeá-la. Com os pensamentos em redemoinho Dondoca lançou-se de joelhos aos pés de Estelita suplicando o seu perdão. Mas... quanto mais ela suplicava mais a fada batia. Dondoca deixou-se cair no chão e começou a chorar. Aquele chorinho desesperado comoveu Estelita que largando a vassoura num canto foi a primeira a estender a mão para que Dondoca se levantasse. Acariciou os cabelos de Dondoca e se preparou para ouvir o relato da fadinha. E Dondoca em poucas palavras contou que na adolescência foi estuprada pelo duende guardião que era casado com sua mãe e que ao contar o fato sua mãe agrediu-a e expulsou-a do reino das fadas felizes. Caminhou dias e noites e foi acolhida pela bruxa Zelda. E lá no reino das bruxas trabalhava como escrava para ganhar um prato de comida e não sucumbir de fome. E foi lá que descobriu esse recanto mágico e imaginou que ali pudesse ser tratada como uma rainha. Dondoca reconheceu o seu erro. Estivera agindo como a bruxa Zelda. Aproveitara-se da bondade das fadinhas. Chorando pediu desculpas. E hoje depois de muitos anos a fadinha Dondoca foi coroada rainha da floresta encantada. A vida dá muitas rasteiras mas internalizando-se as lições, mudando de postura, pode-se galgar o topo mais alto na realização de um sonho.
Gracita

15 comentários:

  1. Que magia você tem nas mãos Gracita em escrever lindas histórias de contos de fadas!
    Viajei em seu conto repleto de doçura.
    Bjs e uma ótima semana.
    Carmen Lúcia.

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  2. Puxa, a Fadinha Dondoca que passou péssimos momentos na infância, se deu mal. Ainda bem que depois, soube ver que a sua postura estava errada e teve a amizade de todos de volta por lá! Linda inspiração! bjs, chica

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  3. O arrependimento ... quase sempre ... faz toda a diferença!
    Gostei...bj

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  4. A gente precisa ler mais isso, esses contos que nossos avós nos contavam só para nos aquietar e assim passavam-se as horas e a vida ficava mais serena
    Parabéns Gracita, gostei

    Beijos
    Rafael

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  5. Maravilhoso texto!

    Beijo e uma excelente semana.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  6. Texto maravilhoos amei, tenha uma semana abençoada obrigado pela visita.
    Blog: https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

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  7. A fadinha Dondoca,
    está dentro da chávena
    entornou a paparoca
    por isso é que está amuada?

    Boa noite amiga Gracita, um beijo.
    Eduardo.

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  8. As suas palavras conseguem tocar e mexer connosco de alguma forma. Obrigada por estes momentos Gracita
    Um beijinho
    elisaumarapariganormal.blogspot.pt

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  9. Boa noite, querida amiga Gracita!
    Parabenizo-a por um conto tão soberbo de ponta a ponta...
    Com profunda mensagem bem atual e que tomara seja sempre assim na vida real com as 'fadas' que andam por aí à solta!
    Podemos corrigir os passos e voltar à real do bem!
    Bjm muito fraterno

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  10. olá Gracita, que dom você tem de escrever e transmitir belas lições de vida com poesia e criatividade!!! muito legal mesmo, bjs

    http://deolhonoarcoiris.blogspot.com.br/

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  11. So cute a very nice blog my friend.. Have a great week lots of hugs ... Nicki..

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  12. Um belo Conto onde a Moral triunfou. Aspirações são coisa boa, mas há que fazer a construção com trabalho feito em prol da comunidade.
    Parabéns, Gracita


    Beijo
    SOL

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  13. Olá Gracita.
    Um belo conto o seu (A Fadinha Dondoca), escrito com muita sensibilidade,
    e com importante conteúdo, tendo a história muita coisa triste da nossa
    realidade. Muito bom. Parabéns, minha amiga.
    Abraço.
    Pedro.

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  14. QUE LINDO CONTO AMADA AMIGA GRACITA.
    CHEGUEI A FICAR DE PESCOÇO DURO DE TANTO LER SOBRE A SUA LINDA FADINHA DONDOCA QUE SE PARECE COM MUITAS MENINAS DE HOJE QUE SÃO MALTRATADAS E MOLESTADAS QUANDO SÃO PEQUENAS, PELOS SEUS PADRASTOS OU VIZINHOS. COMO ISSO ACONTECE HOJE EM DIA EU FICO ABISMADA DE VER ACONTECER!
    OBRIGADA PELO SEU CARINHO LÁ NO MEU CANTINHO!
    BEIJOS DOCE IRMÃ EM CRISTO JESUS!

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  15. Um belo conto, Gracita! Encerrando com uma bela lição... e um final feliz...
    Um texto encantador, que dá gosto ler!
    Beijinhos
    Ana

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A sua amizade e presença são os alicerces que sustentam esse cantinho. Seja Feliz aqui! Volte sempre que o seu coração sentir saudades. Um beijo com afeto, Gracita.