Belarmino morava no pacato vilarejo perto da cidade Afoga
Bode que fica no sertão alagoano.
O
vilarejo havia parado no tempo. O progresso não chegara naquele lugar. As
casinhas danificadas pelo implacável tempo eram adornadas com portinholas
coloridas. Elas compunham o traçado das ruas de terra batida. Lá no alto do
morro ficava a capelinha de São José, o padroeiro do vilarejo.
O
vilarejo não oferecia opções de trabalho. Os moradores trabalhavam nas roças
carpindo o mato e à noite iam se divertir no único buteco do vilarejo. Zé
fumaça servia a todos as iguarias da casa: cachaça de alambique e choriço para
tira gosto.
Certo
dia ao chegar no buteco do Zé Fumaça, Belarmino percebeu um rebuliço diferente.
Os homens falavam e gesticulavam com energia. Todos muito alvoroçados.
Sentou-se
num canto como de costume. O Zé trouxe a sua cachaça preferida e perguntou:
-Você
vai ao baile, Belarmino?
-Que
baile?
-O
baile que a Nena está organizando naquela casa atrás do cemitério.
-Cruz
credo! Aquela casa é assombrada. Dizem que os mortos saem do cemitério e ficam
andando pela casa como almas penadas.
-Deixe
de bobagem homem! Tem assombração não. Se aprume que o baile é na sexta feira.
-Baile
na sexta feira 13 numa casa assombrada. Vou não.
-Se
você não for vai ser chamado de medroso e todo mundo no vilarejo vai rir de
você.
Belarmino
foi para casa pensando no que o zé disse. Se ele não fosse os amigos iam ficar
zombando dele. Quer saber de uma coisa, eu vou! Com a casa cheia de gente as
almas não vão ter coragem de assombrar.
No dia
seguinte levantou bem cedo, deu um trato no fusca e foi para a roça. Depois de
lavorar passou no buteco do Zé para tomar um traguinho e aquecer o esqueleto
pois o frio estava congelando os seus ossos.
Sexta
feira! Belarmino saiu da roça e foi direto para casa se aprontar para o baile.
O velho terno cheirava a naftalina e a gravata surrada estava puída.
Tomou
um banho de bacia, vestiu-se. Se olhou no espelho e gostou do que viu. Só
faltava ajeitar o cabelo. Pegou um vidro de brilhantina em cima da cômoda e
untou os cabelos até que eles ficassem brilhantes. Sorriu com gosto! Nem um fio
fora do lugar.
Belarmino
pegou a chave do fusca e saiu satisfeito. Se tivesse sorte até uma namorada ia
arrumar.
Adentrou
no salão. A iluminação era parca e quase não se via nada. As chamas dos
lampiões formavam imagens cadavéricas nas paredes. Lá fora o pio de uma coruja
completava aquele cenário de morte.
Belarmino
sentiu um arrepio de pavor quando uma mão gelada tocou em seu braço. Olhou de
soslaio! Uma linda moça sorria convidando-o para dançar.
Apavorado
esboçou um pálido sorriso e levou-a para a pista de dança.
Dançavam
alegres e despreocupados quando ouviram as badaladas do relógio da igrejinha.
Era meia noite!
Outra
vez Belarmino sentiu o seu corpo estremecer. Cora, a moça que com ele dançava,
disse que era chegada a hora de ir para casa.
Belarmino
ofereceu uma carona que Cora aceitou com satisfação. Rodou pelas vielas
estreitas e parou em frente à casa de número 15.
Tomou
Cora em seus braços e a beijou com paixão. Belarmino sentiu seus lábios
enrijecerem. Cora tinha os lábios mais frios do que uma defunta.
Dias se
passaram e nada de encontrar Cora. Belarmino se lembrou da casa onde ela
morava. Vestiu novamente o seu terno surrado e foi ao encontro da amada.
Nervoso bateu na porta chamando por Cora. Uma senhora muito magra e desnutrida
veio em sua direção. Belarmino perguntou por Cora e a pobre senhora começou a
chorar e disse que Cora havia partido há dois anos.
-Isso
não é verdade, senhora! Eu dancei com ela no baile da semana passada.
-Se não
acredita vá no cemitério. No túmulo perto da capelinha repousa os ossos da
minha amada filha.
Alucinado
dirigiu até o cemitério. Com as faces esquálidas de pavor Belarmino viu o
vestido de cora e o relógio que ele lhe dera em cima do túmulo. Petrificado com a cena ouviu uma voz que
dizia:
-Você
veio meu amor! Agora ficaremos juntinhos para sempre!
Lágrimas
escorriam da face de Belarmino que não resistiu ao susto. O seu corpo inerte
tombou em cima daquele túmulo.
Naquelas
paragens nunca mais se ouviu falar de Belarmino.
O povo
comentava que Belarmino foi apenas mais uma alma arrebatada pela defunta do
baile.
(Gracita Fraga)
BAH, essa defunta era ´poderooooooosa!
ResponderExcluirAdorei do início ao fim e as escolhas dos nomes da cidade e de todos! Pobre Belarmino!
Muito legal! Causos são divertidos!
beijos, lindo fds! chica
Que historia mais boa de ler! Bju
ResponderExcluirBoa tarde de sábado, querida amiga Gracita!
ResponderExcluirNossa! Só mesmo uma escritora de primeira consegue escrever tão bem, com riquezas de detalhes tão pertinentes ao contexto incluindo um bom toque de humor na descrição do homem se arrumando...
Adorei desde o inicio, ao meio e a conclusão.
De arrepiar.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos com carinho fraterno
Que conto sensacional!
ResponderExcluirAdorei a riqueza de detalhes e me arrepiei com o final
Um show de arte literária
Abracinho
Fiquei super empolgada do princípio ao fim
ResponderExcluirUma história de arrepiar, muito interessante
Beijos
Que conto lindooooo
ResponderExcluirFiquei maravilhada com o final desta história de arrepiar
Beijitos
Sensacional a riqueza deste conto
ResponderExcluirOs detalhes muito bem explicitados com magia e poesia
Uma gostosura de ler
Um abraço
Eu amei este belo conto apesar de ter ficado arrepiada com o desenrolar da história
ResponderExcluirBeijos
O desenrolar da trama me arrepiou os cabelos
ResponderExcluirInteressante e envolvente o seu conto cara amiga Gracita
Um abraço
Oi Gracita
ResponderExcluirTe confesso que fiquei apavorada com o poder desta defunta, viu?
Muito interessante esta história de terror com humor
Adoreiiiiii
Beijos
A história foi muito bem ambientada para nos deixar em clima de terror
ResponderExcluirE como era poderosa essa defunta
Um conto sensacional
Beijos
Um conjunto perfeito desde o nome da cidadezinha aos personagens criando um cenário de arrepiar
ResponderExcluirUma história mega interessante
Gostei muitoooooo
Beijos
Que história encantadora 👏👏👏😘
ResponderExcluirOlá amiga Gracita
ResponderExcluirEncantado com a genialidade desta bela história
Deu pra ficar arrepiado viu?
Um abraço
Um belo causo com o toque mineiro de contar causos de assombração.
ResponderExcluirÓtima a construção que deixa curioso o leitor para ver o final.
Descrição bem feita que dá para reconstruir os personagens e locais na mente.
Aplausos querida vizinha.
Bjs e bom domingo de feliz semana.
Um belo causo que me deixou de cabelo em pé tal foi a minha curiosidade para ler o final
ResponderExcluirUma construção excepcional Gracita
Beijos
Um conto de assombração com riqueza de detalhes para nos arrepiar
ResponderExcluirAdorei ter a curiosidade despertada e louco para conhecer o final da história
Perfeito Gracita
Adorei ler
Um abraço
Que história que nos interessa do princípio ao fim... Gostei muito.
ResponderExcluirUma boa semana. Um beijo.
Um típico causo de assombração que trouxe arrepios só de imaginar o Belarmino dançando com a defunta
ResponderExcluirE quão poderosa era essa defunta heim amiga
Amei o seu conto de terror
Um abraço
Se estivesses no canto a apreciar, irias ver a tua amiga a sorrir encantada com a tua história!
ResponderExcluirPorque amei a vivacidade do teu diálogo no decorrer de toa a narrativa, pontuada com uma dose imensa de ironia, não fosse um tema que nos traz sempre aquela dose de mistério que fascina.
Depois, porque termina de uma forma inesperadamente arrepiante e mutitooo interessante.
Muitos parabéns, COMADRE, AMEI!
Um beijooo!
Olá Gracita
ResponderExcluirE eu aqui extasiado esperando pelo final que nem de longe poderia imaginar ser esse
Tão incrível eu me vi no cenário só pra ver a reação do Belarmino no baile
Mas ... precisava matar o coitado rsrsrs
Um conto excepcional minha amiga
Um abraço
Poderosa essa defunta, heim?
ResponderExcluirFiquei arrepiada com essa bela história
Beijos
Oi Gracita
ResponderExcluirUma história encantadora construída com requinte para arrepiar
Eu ameiiiii
Beijos
Uauuuuu
ResponderExcluirArrepiada com o poder desta defunta
Uma bela história, amiga
Beijos
Eita... que eu me arrepiei inteiro com esta história aterrorizante
ResponderExcluirVou pensar muito antes de pro baile próximo de um cemitério
Encantado amiga Gracita
Um abraço
A sua história me empolgou Gracita
ResponderExcluirEu sou apaixonada por histórias de terror
E a sua ficou extraordinária
Beijos
Olá Gracita
ResponderExcluirUma história pra aterrorizar heim amiga?
Eu adorei este conto
Um abraço
Uma bela história ambientada com riqueza de detalhes
ResponderExcluirUma leitura arrepiante
Beijos
Histórias de terror me fascinam
ResponderExcluirE esta me conquistou pela trama muito bem escrita
Gostei imenso e fiquei arrepiado com essa defunta
Um abraço
Coitado do Belarmino pensando que ia arrumar uma namorada é arrebatado para a morte pela defunta do baile
ResponderExcluirUm conto interessante!
Beijos